quarta-feira, 2 de abril de 2008

Kiev, 1911.


Apertei as mãos sob o xale escuro...
“Por que estás tão pálida?”
- Porque hoje lhe dei a beber amargura
até que ele foi embora daqui embriagado.
Posso acaso esquecê-lo? Saiu daqui cambaleando,
sua boca torcendo-se dolorosamente...
Desci correndo, sem nem me encostar no corrimão,
corri atrás dele até o portão.
Angustiada gritei: “Tudo não passou
de uma brincadeira. Se fores embora, morro”.
Sorriu docemente e, com um muxoxo terrível,
disse-me: “Não fique no vento”.



8/1/1911
Kiev



(Anna Akhmátova, )

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