domingo, 6 de abril de 2008
Praia
Nuvem, caravela branca
no ar azul do meio-dia:
- quem te viu como eu te via?
Rolavam trovões escuros
pela vertente dos montes.
Tremeram súbitas fontes.
Depois, ficou tudo triste
como o nome dos defuntos:
mar e céu morreram juntos.
Vinha o vento do mar alto
e levantava as areias,
sem ver como estavam cheias
de tanta coisa esquecida,
pisada por tantos passos,
quebrada em tantos pedaços!
Por onde ficou teu corpo,
- ilusão de claridade -
quando se fez tempestade?
Nuvem, caravela branca,
nunca mais há meio-dia?
(Já nem sei como te via!)
Cecilia Meireles
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