segunda-feira, 21 de abril de 2008

Quadras


Na canção que vai ficando
já não vai ficando nada:
é menos do que o perfume

de uma rosa desfolhada.


Os remos batem nas águas:
tem de ferir, para andar.
As águas vão consentindo
esse é o destino do mar.





Passarinho ambicioso
fez nas nuvens o seu ninho.
quando as nuvens forem chuva,
pobre de ti, passarinho.



O vento do mês de agosto
leva as folhas pelo chão;
só não toca no teu rosto
que está no meu coração.



Os ramos passam de leve
na face da noite azul.

É assim que os ninhos aprendem

que a vida tem norte e sul.





A cantiga que eu cantava,
por ser cantada morreu.

Nunca hei de dizer o nome

Daquilo que há de ser meu.



Ao lado da minha casa
morre o sol e nasce o vento.
O vento me traz o seu nome,
leva o sol meu pensamento.






(Cecília Meireles)

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